segunda-feira, 31 de março de 2014

Rachel Sheherazade entra de férias após início de investigação contra ela

Em um país que é regido por uma constituição federal, na qual em seu Art. 5º IV prega que é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; e diz gozar de um sistema democrático, justo e eficaz, mais uma voz, possivelmente se calou. A repórter polêmica, Rachel Sheherazade, assim conhecida por alguns, foi contemplada com um vale-férias inesperado após se envolver em polêmicas. O SBT divulgou um comunicado oficial na noite desta sexta-feira (28), informando que a jornalista vai se afastar do comando do "SBT Brasil" até o dia 14 de abril.
Foto: Internet
A jornalista se envolveu em polêmicas após mostrar a sua opinião no telejornal "SBT Brasil". A Procuradoria Geral da República (PGR) aceitou na última quinta-feira (27) a representação feita pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ) contra Rachel. A parlamentar quer a investigação da âncora por acreditar que ela cometeu o crime de apologia e incitou à tortura e o linchamento, caracterizado no artigo 287 do Código Penal.
Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a opinião de Rachel Sheherazade sobre o caso envolvendo um grupo que puniu um menor infrator no Rio de Janeiro serão avaliados. "Não se pode pregar contra o Estado democrático. Isso é muito sério", opina Janot. "Se você faz um discurso de ódio para a sociedade, não há como controlar o que ocorre depois por aí", disse.
Ao Purepeople, Jandira Feghali justifica seu pedido de investigação. "As pessoas não podem se sentir legitimadas por um discurso neofascista e sair por aí julgando e executando outros cidadãos", disse.
Em entrevista ao Purepeople, Rachel se defendeu afirmando que tem o direito de se expressar. "Esse desabafo não é só meu. É também o desabafo de uma parcela grande da sociedade que se vê esquecida pelo Estado, vulnerável, a mercê da violência, vítima de bandidos de toda sorte, de toda idade. As pessoas de bem não querem mais viver acoadas, encarceradas, vitimadas... O povo está se levantando contra a violência", explicou.

Entrevista de Rachel ao purepeople

Purepeople: Você se arrepende do comentário que fez?
Rachel Sheherazade: De maneira nenhuma. Minha opinião é a minha voz. Meu direito de expressão. Esse desabafo não é só meu. É também o desabafo de uma parcela grande da sociedade que se vê esquecida pelo Estado, vulnerável, a mercê da violência, vítima de bandidos de toda sorte, de toda idade. As pessoas de bem não querem mais viver acoadas, encarceradas, vitimadas... O povo está se levantando contra a violência.
Purepeople: Acha que seu comentário foi mal interpretado?
RS: Não acredito que a atitude dos justiceiros foi correta. Não defendi a violência, como muitos sites e jornais propagaram de forma irresponsável. Apenas disse ser compreensível essa atitude desesperada da população para se defender. Espero que o governo Dilma repense suas prioridades. E passe a investir sem demagogia em ações de segurança pública. Esse é um direito constitucional de todo brasileiro.
Purepeople: Mas você pretende maneirar nas suas opiniões após essa repercussão?
RS: Maneirar não faz meu estilo. Sou direta. Digo o que penso sem hipocrisia, sem "mimimi". Enquanto a emissora permitir, falarei tudo o que penso sem papas na língua, como sempre fiz!
Purepeople: E houve alguma orientação do SBT sobre o assunto?
RS: Não. O SBT me dá total liberdade de expressão. Não policia nada do que falo no meu espaço de opinião.
Purepeople: Como encarou a decisão do Psol de fazer uma representação contra você no Ministério Público?
RS: É vergonhosa e humilhante a forma como um partido inexpressivo se vale de um assunto sério para gerar repercussão e ganhar "notoriedade" às vésperas da eleição. Encaro essa representação como uma espécie de intimidação ao meu trabalho. Meus telespectadores sabem que faço críticas pesadas aos políticos e ao governo. Como não rezo na cartilha deles, acabo sendo alvo de retaliações, sejam explícitas ou veladas.
Purepeople: Mas você se sente intimidada com essas "retaliações"?
RS: Eu não me vendo, nem me dobro. Minha palavra, eles não podem cassar, pois vivemos numa democracia. E, neste país, todo cidadão tem direito, garantido pela Constituição, de expressar suas opiniões. Enquanto tiver o aval da minha emissora, o espaço para opinar livremente, é isso o que farei.
Purepeople: Você gosta de ser polêmica? É algo que cultiva?
RS: Será que sou mesmo polêmica? É polêmico ser contra a corrupção e a impunidade? É polêmico querer mais segurança? É polêmico lutar pela redução da maioridade penal? Ser contra o aborto? A liberação das drogas? Eu sou uma brasileira comum, comungando dos pensamentos e valores dos brasileiros comuns. O adjetivo "polêmica" é só um rótulo que me impuseram, porque eu falo, com sinceridade, de assuntos que a maioria prefere evitar.
Purepeople: Você é muito abordada nas ruas? Já foi hostilizada?
RS: Sou muito abordada por adultos e crianças, sempre de maneira muito afetuosa e respeitosa. Conversam comigo e me parabenizam pelas minhas opiniões, pela minha postura firme. Dizem que eu falo o que elas gostariam de falar. Também na redação recebo muitas cartas de apoio, sugestões de comentário, fotos, presentes... Fico sempre comovida com o carinho das pessoas.

Em Purepeople/Anderson Dezan

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