quarta-feira, 26 de março de 2014

A Nova Viúva e a Velha Lagoa do Ouro - Tomo III (final)

Em meados do Segundo Reinado no Brasil, período em que D. Pedro II foi o governante da insalubre nação brasileira, no ano de 1860 um certo político nordestino chamado José de Alencar aventurou-se em contar uma história em forma de romance. Tal história, marcada pelos estigmas de sua época, ambientada nos cenários proto-urbanos daquele velho Brasil, retrata o romance dois jovens. Carolina e Jorge se apresentam em pleno vigor de suas juventudes e se amam profundamente. Ela é o tipo de donzela clássica do romantismo - moça jovem, virgem e pura de coração. Ele, por sua vez, tem todos os atributos de um bom rapaz. De família rica, tem na herança da família a garantia de um futuro promissor. Casal apaixonadíssimo, Carolina e Jorge se encontravam todos os dias, às oito da noite, pois era o horário que a mãe de Carolina os deixavam se encontrarem. O romance dos dois ia muito bem, eles se gostavam muito, até que Jorge descobriu que havia perdido tudo, que estava falido. O pai de Jorge havia deixado uma grande fortuna a ele, mas quando Jorge completou seus 18 anos começou a gastar sem guardar e investir nada, e foram exatamente 3 anos para Jorge gastar tudo.
Em resumo Jorge ficou desesperado e não sabia o que iria fazer, então resolveu que iria lutar e conseguir juntar dinheiro assim como seu pai. Não contou nada para sua futura esposa e casou-se com ela no dia seguinte, mas no meio da noite Jorge fugiu deixando uma carta para Carolina. Ele passa a trabalhar como comerciante, e mudou seu nome para Carlos e só após 5 anos ele volta, pois conseguiu se estabelecer novamente. Quando Jorge volta, ele vai ao encontro de Carolina e esclarece tudo, e para a sua alegria ele ficam juntos de novo - esse é um breve resumo do livro "a Viuvinha".

Fez algum paralelo? Comparou as histórias das viúvas? 
Nem se anime, por aqui é bem diferente.
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Em 1808, com a chegada de D. João VI ao Brasil, instaurou-se por aqui uma certa monarquia. Cerca de 15 mil pessoas, a maioria da alta nobreza portuguesa, desembarcaram  no Brasil. Era a chamada 'fuga da Corte Portuguesa'. Vinham de lá correndo de Napoleão. Entre as primeiras providências estava a tomada das melhores casas dos moradores do Rio de Janeiro para que se hospedassem duques, condes, viscondes, capitães, generais, clérigos e toda sorte de gente de sangue azul. Para D. João, é claro, não poderia falta abrigo. Assim, ele ganhou um palácio de presente de um grande traficante de escravos.
Ali residiu a família real e imperial do Brasil, no palácio da Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio de Janeiro. Para lá, D. João VI levou a rainha Carlota Joaquina, os filhos D. Pedro I e D. Manuel, além de sua mãe Maria, a Louca. 




A FORÇA DA TRADIÇÃO HISTÓRICA

A construção de palácios é uma tradição histórica das monarquias europeias. E como durante muito tempo fomos colônia e colonizados por portugueses, importamos tal conceito arquitetônico. Como citado acima, D. joão ao desembarcar no Brasil trouxe muita gente consigo. E cada 'alteza' sentia-se impulsionada a construir seus próprios palácios, condizentes com suas riquezas.  A mania pegou. O Brasil obteve sua independência em 1822 e tornou-se uma parca República em 1889. De lá pra cá muita coisa mudou tanto na política quanto na arquitetura. Mas as tentações palacianas permaneceram e isso nos faz compreender em parte o 'espírito de alteza' da classe política brasileira. Acostumados que são às regalias, portam-se as vezes como se ainda vivem-se na "Velha República" ou mesmo na Monarquia. Por este motivo tratam ainda as coisas públicas como sendo privadas, apegados que são aos bens do Estado. Sentem que têm o poder sobre tudo e podem fazer as coisas como bem lhes manda a vontade. Mas no caminhar desde século XXI não há espaço para isso pois a nova geração - a juventude brasileira - já decidiu que é tempo de mudanças e se manifestou, como em junho do ano passado, ocasião das grandes manifestações nacionais, apartidárias, anti-políticas (embora em si mesmas realizando um  ato político, em sua melhor expressão). A juventude já decidiu que é hora de sepultar de vez a velha forma de fazer política; a forma da subserviência; do medo das repressões; da aceitação passiva dos desmandos e  é contra a corrupção em todos os seus aspectos, incluindo-se a falta de transparência na gestão da coisa pública. Não tenhamos, pois, dúvidas de que quem 'curte' uma festa também reprova quem é em última instância responsável por ela.

Palácio Celso Galvão - Garanhuns/PE
Voltando aos palácios, perpetuou-se no país mesmo depois da chegada da democracia certo espírito palaciano. E por isso o local de trabalho e residência oficial da Presidente é chamado de 'Palácio da Alvorada'. Nos Estados não é diferente, seus governadores estão nos 'Palácios'. Ora, se eles podem, por que os municípios não? Por isso também encontramos os 'Palácios' dos Prefeitos. 


Vejamos alguns Palácios no Brasil

Palácio da Alvorada - Residência oficial da Presidente do Brasil
Palácio Tiradentes, nova sede do Governo de Minas Gerais,
na Cidade Administrativa Presidente Tancredo Almeida Neves
Palácio da Guanabara, sede do Governo do Rio de Janeiro
Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo de São Paulo
Palácio Rio Branco, sede do Governo do Acre

Palácio Piratini, sede do Governo do Rio Grande do Sul


Agora fica mais fácil entender o porquê de se ter um 'palácio municipal'. É compreensível e válido que um governante queira deixar sua marca após passar pela administração de um município. E nada melhor para isso que a construção de um prédio que se destaque na paisagem. O problema por aqui é que há tantas outras prioridades e questões fundamentais que precisam ser resolvidas que ter um prédio novo definitivamente seria a última preocupação de um bom gestor. Mas avalio que esse é apenas um sinal de que novos tempos se aproximam, pois os governantes se apressam em publicidade e em 'marcas' quando já estão perto de irem embora.


FALANDO DE PERNAMBUCO

Planejado em 1786, o Palácio do Campo das Princesas foi construído apenas em 1841, no bairro de Santo Antônio. O responsável pela obra foi o engenheiro Firmino Herculano de Morais Âncora, a mando do governador Francisco do Rego Barros, futuro Conde da Boa Vista. No local, funcionava o edifício do Erário Régio. Na época da construção, o órgão era chamado Palácio Provincial, e só viria a se tornar do Estado após a República.

A primeira reforma veio em 1859, para hospedar o imperador Dom Pedro II, a imperatriz Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias e suas filhas. Naquele ano, veio o nome de Campo das Princesas para o jardim onde as princesas brincavam, posteriormente estendido ao Palácio. Entre 1920 e 1922, o local foi amplamente reformado, com a construção de um novo pavimento. Naquela década, a obra ainda seria remodelada, redecorada e mobiliada. Até 1986, os governadores moravam com as famílias no Palácio, tradição que foi quebrada na segunda gestão de Miguel Arraes.

Em março de 2012 o Governador Eduardo Campos divulgou que seria feita uma reforma completa no prédio, buscando-se resgatar detalhes de sua arquitetura, originalidade de sua pintura, dando ao prédio o devido reconhecimento do seu valor histórico. A reforma, orçada em  R$ 31 milhões, é, na verdade, uma restauração que pretende reproduzir o estilo original do prédio neoclássico que há mais de 200 anos abriga a sede do governo em Pernambuco.

Veja um breve vídeo sobre a reforma e um documentário:





Durante o processo de restauração, os profissionais encontraram várias surpresas. Uma delas, no Salão das Bandeiras, no primeiro andar do imóvel. Utilizando o processo de decapagem, os restauradores descobriram que os capitéis das colunas que compõem o ambiente tinham detalhes em folhas de ouro. Um requinte que estava encoberto por mais uma ação de pessoas que passaram pelo palácio no decorrer dos anos. Em outra sala, reservada aos governadores e convidados ilustres, foi possível resgatar parte da decoração dos anos 1930.

Em 20 de fevereiro deste ano a reforma foi concluída e o prédio foi aberto à visitação pública. (confira horários de visita clicando aqui)
Veja como ficou:












 

E para não nos esquecermos da "Velha Viúva", bem que poderiam ter seguido o exemplo, não acha? Teríamos prédio novo e Viúva reformada - Um verdadeiro presente para a cidade. Mas isso fica pro século que vem, quando essa Nova Viúva já estiver octagenária como a que foi derrubada.


ABSENTEÍSMO POPULAR OU SEDE VACANTE?
Absenteísmo é uma palavra com origem no latim, onde absens significa "estar fora, afastado ou ausente". O absenteísmo consiste no ato de se abster de alguma atividade ou função.

Exemplos:

                                                                                                   Absenteísmo escolar

O absenteísmo escolar é a ausência repetida ou prolongada das atividades escolares. A taxa de absenteísmo corresponde à percentagem obtida a partir da relação entre o número de ausências e o número de presenças, num determinado tempo.

                                                                                          Absenteísmo nas empresas

O absenteísmo nas empresas designa a tendência dos membros de empresas para se defenderem contra certas deficiências nas relações laborais faltando ao trabalho (faltar por doença, por exemplo). O absenteísmo aumenta os custos para a empresa, e dificulta a concretização dos seus objetivos, afetando a sua eficácia e eficiência.

                                                                                                  Absenteísmo Político

É quando um político... XXXXX conteúdo censurado por mãe, que ameaçou me bater, se eu continuasse com isso XXXXX

FIM!

O objetivo destas postagens divididas em três tomos é mostrar que há alternativas às escolhas que são feitas por quem está à frente do governo municipal de Lagoa do Ouro. Como citado em várias partes das postagens, toda ação voltada à promoção do desenvolvimento do município é válida e deve ser apoiada por todos. O que é inegável, porém, é que há muito tempo este município sofre com a falta de planejamento das ações municipais, com a pouca ou nenhuma transparência de tais ações, da omissão da Câmara de Vereadores em fiscalizar e cobrar do Poder Executivo que as obras tão necessárias para o município sejam concluídas e se dê prioridade ao que de fato mais importa, ou seja, Sáude, Educação e Segurança. 

Esta é uma mensagem de alerta à população e apoio a todos aqueles que, mesmo sem ter consciência disso, estejam do lado que estiverem, sofrem com a ausência do poder público. Não deixe que tomem decisões erradas por você! Proteste, reclame, cobre - são direitos seus. Também estenda a mão e se solidarize com toda e qualquer ação que vise o bem estar social. Viva sem rixas e sem mesquinhez. Dê a César o que é de César e cobre dele tudo o que ele tem OBRIGAÇÃO DE FAZER

Não deixe a "vida" te levar. Você pode chegar a lugares que não gostaria de estar. #Ficaadica2




Até a próxima.
Leia o Tomo I e o Tomo II
Por uma cidade melhor e de todos.
Douglas Lemos

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