Ele levanta a cabeça, abre os olhos e vê somente o horizonte.
Lá distante tudo está parado, nada se move, nada se ouve.
Recua o olhar e chega até perto de si mesmo.
Ainda de cabeça erguida, mergulha em si e o mundo lá fora se desliga.
Se vê sozinho. Há muito está sozinho.
Sozinho porque não consegue compreender ninguém.
Acha que todos estão em tudo errados, em tudo loucos,
em tudo inconsistentes, em tudo incoerentes.
Sozinho.
Ele acaba de descobrir que não é diferente de ninguém.
Sozinho.
Assim permanece por mais alguns minutos até que de repente
sente calafrios e tremores que vão dos pés à cabeça.
Sozinho.
Assim é que descobre que está.
Não entende ninguém, porque simplesmente não consegue entender a si mesmo!
E quando o desespero parece bater à porta de seu coração,
escuta uma voz que diz suavemente:
"olha novamente, olha para frente...".
De súbito seu olhar é lançado ao horizonte mais uma vez.
Mas tudo está igual, nada se move, nada se ouve vindo de tão longe.
Então ouve mais uma vez: "Não estou lá, apesar de você
sempre pensar que estou distante.
Sempre estive aqui do seu lado...".
Aquele homem acordou chorando, mas estava pronto para recomeçar,
pronto para estar mais perto de todos,
pronto para finalmente perceber que nunca esteve só.
"...Eis que estou convosco todos os dias
até à consumação dos séculos."
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