quinta-feira, 5 de junho de 2014

Dominguinhos relata passagens marcantes de sua vida em novo documentário

Documentário emociona ao revelar intimidades da vida e da carreira do discípulo de Luiz Gonzaga, com direito a desejo inusitado


Dominguinhos fala dos pais (“Minha mãe era danada de sabida”), de lembranças da infância (“Não matava um passarinho por nada”), dos primeiros encontros com a música, da casa onde morava quando criança, de Garanhuns, do baião, de Luiz Gonzaga, da viagem ao Rio de Janeiro que durou onze dias de solidão. Os relatos merecem ser vistos e revistos no longa-metragem batizado com o nome do artista, que estreia nesta quinta-feira (05) no Recife e em Garanhuns (depois de passar em dez cidades do país). A direção é de Mariana Aydar, Joaquim Castro e Eduardo Nazarian.


O longa convida ao universo do sanfoneiro, mundo em que viveu, artista virtuoso. Tudo sob os olhos e a narração dele próprio. No cinema, o recorte é mais poético e sensorial que na websérie Dominguinhos mais, disponível no YouTube desde março, ligada ao projeto. As imagens são preciosas: há cenas de Garanhuns, na época da infância (outras foram filmadas em Super-8) e até “duelo” de xaxado com Luiz Gonzaga.

Falecido em julho do ano passado, o pernambucano assistiu a poucas cenas. Ficava “superemocionado” com tudo. “Fizemos duas entrevistas presenciais com ele em estúdio. Na segunda, mostramos imagens de arquivo. Tinha muita coisa de Garanhuns antiga. E ele se emocionou, pediu para desligar”, recorda o produtor Felipe Briso.



De acordo com Aydar, ele chorou na primeira pergunta no primeiro dia de gravação. “Perguntei ‘o que era Deus’ para ele”, lembra. Apesar de a produção ter sido concebida em época delicada - ele sofria de câncer -, o artista comoveu a equipe com generosidade e carinho. Feito em seis anos e meio, o projeto engloba cinema e internet.


“Tínhamos que ter uma atitude tão humilde quanto à dele”, destaca Mariana. Durante as gravações - mais de 60 horas de material -, Dominguinhos nada pedia, mesmo com a insistência da produção. “Com quem você quer tocar?”, perguntavam. Uma das poucas respostas foi Hermeto Pascoal, que está na websérie. No último dia de gravação, Dominguinhos surpreendeu a equipe e fez um pedido a Djavan: “Queria que ele fizesse uma coisa dele pra mim. Sem intervenção, que eu já intervi demais”. Ele acatou e tocou A rota do indivíduo. Comoção no estúdio e, agora, no cinema.

Serviço
Debate com Joaquim Castro (diretor), Deborah Osborn, Eloá Chouzal, Nando Cordel e Roger de Renor 
Quando: 05 de junho (quinta-feira), às 21h (após exibição do documentário, às 19h40)
Onde: Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista)
Sexta-feira: pocket show com Liv Moraes (Cais do Sertão, Recife Antigo, às 18h)



Entrevista >> Mariana Aydar
Como Dominguinhos reagiu à ideia do documentário?

A gente fez um almoço na minha casa. Falamos da ideia. E ele disse: “Toda ideia merece ser respeitada”. Nasceu ali. Percebi que tinha um personagem muito importante, uma pessoa especial, humilde e generosa. Começamos a filmar de forma despretensiosa, sem produtora grande. Só depois veio a bigBonsai.

O que acha da experiência em que uniu web e cinema?
O documentário é um projeto vivo. Nas filmagens, fomos vendo que os encontros com artistas renderiam mais para a internet. Documentário foi mais para uma experiência sensorial, poética, narrado em primeira pessoa. A websérie teve várias visualizações no YouTube (mais de 445 mil). A gente sempre quis que fosse plataforma que não fosse só o cinema.  

Qual foi o primeiro contato com a obra dele?
Conheço as músicas desde os 9 anos. Minha tia era produtora de estrada dele. Quando comecei a ir a forró, em São Paulo, os DJs tocavam músicas muito lado B dele. Queríamos mostrar um Dominguinhos desconhecido. Um cara do improviso, jazzístico. Tinha a vontade de mostrá-lo universal e não regional. Ele é isso, mas muito mais.





em Diário de Pernambuco

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