quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Roya Mahboob: a afegã que liberta mulheres através da educação online

Roya Mahboob
Em raros países do mundo as mulheres têm tão poucos direitos como no Afeganistão. Elas são forçadas a se casar, são violentadas, presas e proibidas de dirigir, estudar e trabalhar. Roya Mahboob é a heroína que começou a transformar esse panorama. Ela ajuda moças do seu país a terem uma vida livre e independente e o passaporte para essa mudança é o acesso à internet.

Nessa sociedade, que não vê com bons olhos damas que chamem atenção, Mahboob, de 25 anos, é uma figura excêntrica. Lenço frouxo cobrindo a cabeça, mãos seguras sobre o volante do carro, pulso firme para dirigir a própria vida e a empresa que cria um ambiente feminino autônomo, a empreendedora é dona da firma de softwares mais bem sucedida de Herat, uma província do Afeganistão. Além disso, lidera uma ONG para mulheres e está à frente da WomensAnnex.com, plataforma interativa em que afegãs aprendem a produzir vídeos e sites, são treinadas como especialistas em TI e interagem com outros países e culturas. O objetivo do projeto é capacitá-las profissionalmente através da educação online e criar um espaço no qual possam compartilhar suas histórias.

Atualmente Roya está implantando 40 salas de informática em escolas de todo o país, já que a estadia em lan-houses é insegura para as meninas. Desta forma, ela possibilitará que 160 mil estudantes possam se comunicar com o mundo. A tecnologia da computação é a ferramenta para que elas tenham independência e no futuro se sustentem com algumas teclas e cliques.
A moça de aparência tímida e frágil, através do seu trabalho, demonstra coragem e sabedoria. Mahboob cruzou fronteiras que para uma garota afegã são quase intransponíveis. Quando fundou sua empresa de informática, tornou-se a primeira mulher na indústria de TI do país destruído pelo regime Taliban. Hoje, em seu grupo que desenvolve bases de dados para empresas privadas, órgãos governamentais e para a OTAN, trabalham, na sua maioria, mulheres. Muitas das colaboradoras executam tarefas de casa, evitando, assim, conflitos com suas famílias conservadoras. Geralmente os pais não permitem que filhas tenham contato com homens num ambiente profissional, por isso o trabalho virtual é uma alternativa para incluí-las na vida pública.
Roya chamou a atenção da mídia internacional com a revolução online que amplia os horizontes femininos, mas seu caminho para o sucesso tem sido marcado pela oposição.
Mesmo depois de realizar a formação profissional de muitas moças e de conquistar o reconhecimento mundial, há quem duvide de suas qualificações. A empreendedora é vítima de discriminação e recebe ameaças anônimas daqueles que não querem ver as mulheres afegãs trabalharem fora de casa e ficarem economicamente independentes, pois aos olhos de muitos homens do seu país, uma mulher de negócios é uma prostituta.

Roya teve a sorte de ter pais que lhe permitiram cursar Ciência da Computação e aprender tecnologias de comunicação. O pai de Roya é acusado de não ter controle sobre a filha, mas, apesar de temer que ela seja ferida, acredita que sua menina esteja no caminho certo. Ele a vê como fruto de um novo tempo e diz que não se deve parar o progresso.

Apesar das ameaças, a guerreira não pretende parar. A afegã que transforma os destinos das mulheres virou um ícone do empoderamento feminino e foi nomeada pela revista TIME como uma das personalidades mais importantes do planeta ao integrar a lista das 100 pessoas mais influentes do ano de 2013. Roya Mahboob não desistirá de oferecer um futuro melhor às mulheres do Afeganistão. Para ela a verdadeira liberdade está na educação e a web é a ferramenta que usa para isso.

 em Tempo de Mulher por Rafaela Corrijo.

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